Avanços e Resistência no Teatro de Guerra Sírio
No teatro de guerra sírio, as forças de oposição estão avançando nos flancos da cidade de Hama, capturando posições estratégicas e enfrentando a resistência das forças de Assad. Esse avanço ocorre em um contexto onde o regime é apoiado por milícias xiitas e ataques aéreos das forças aeroespaciais russas.
A Escalada no Leste da Síria
Entre os dias 03 e 04 de dezembro, os combates entre as Forças Democráticas Sírias (FDS) e milícias pró-Irã se intensificaram no leste do país. Paralelamente, os ataques aéreos dos Estados Unidos e as movimentações estratégicas da Rússia trouxeram maior complexidade ao conflito, atraindo novos atores para este cenário já caótico.
As forças de oposição sírias avançaram rapidamente no noroeste do país, rompendo as linhas defensivas do regime na zona rural de Hama. Em apenas dois dias, os rebeldes avançaram cerca de cinco quilômetros em direção à cidade de Hama, capturando posições estratégicas como as colinas Zine al Abdine e Jabal Kafra, que anteriormente eram pontos-chave na defesa do regime.
O Significado Estratégico de Hama
Os drones desempenharam um papel crucial, sendo utilizados em ataques contra tanques do Exército Árabe Sírio (SAA) nas proximidades da entrada norte de Hama. Em resposta, o regime enviou reforços para proteger a cidade. A queda de Hama poderia facilitar avanços rumo a Homs, um nó estratégico vital para as operações apoiadas pelo Irã e para a logística do Hezbollah.
Além disso, a cidade de Hama conecta áreas costeiras controladas pelo regime, como Tartous e Latakia, a Damasco. Sua possível captura ameaça isolar esses redutos e comprometer a segurança da base naval russa em Tartous, evidenciando a preocupação de Moscou com o avanço rebelde.
O Papel da Rússia no Conflito
Para conter o avanço rebelde, a Rússia pode redistribuir unidades do Africa Corps para reforçar o regime de Assad. Essa medida busca evitar uma derrota que prejudicaria os objetivos estratégicos do Kremlin no Mediterrâneo e no Mar Vermelho.
Embora o Africa Corps tenha capacidade para oferecer apoio e aconselhamento, não é provável que consiga mobilizar tropas suficientes para mudar significativamente o cenário. Um colapso do regime de Assad comprometeria a imagem da Rússia como um parceiro confiável e afetaria suas parcerias econômicas e políticas na África.
Ofensiva das FDS em Deir ez Zor
Paralelamente, as FDS, com apoio dos Estados Unidos, lançaram uma ofensiva na província de Deir ez Zor para expulsar milícias pró-Irã de áreas a leste do rio Eufrates. A operação envolveu moradores locais e diversos grupos armados, resultando em intensos combates, bombardeios mútuos e confrontos com forças russas e iranianas.
Apesar de avanços temporários, a forte resistência fez com que as FDS recuassem ao final do dia três de dezembro. Esse cenário reflete a complexidade do conflito, com múltiplos atores disputando territórios estratégicos.
Resposta Norte-Americana
Os combates no leste da Síria aumentaram o risco de envolvimento direto dos Estados Unidos. Milícias apoiadas pelo Irã lançaram foguetes da área de Khasham contra posições americanas, provocando uma resposta aérea. Os ataques destruíram uma ponte de terra conectando Khasham ao território controlado pelas milícias iranianas.
Um representante dos Estados Unidos afirmou que os ataques foram em autodefesa, sem relação direta com a ofensiva das FDS.
A Aliança Irã-Rússia-Iraque
Enquanto isso, o Irã parece estar buscando maior coordenação com o Iraque e a Rússia para apoiar o regime sírio contra as forças de oposição. O cenário sírio, com sua complexidade crescente, continua atraindo novos atores e ampliando a instabilidade regional.
Considerações Finais
O conflito na Síria permanece um caldeirão em constante ebulição, com desdobramentos que afetam diretamente a estabilidade do Oriente Médio. A disputa por territórios estratégicos não só intensifica a crise humanitária, mas também amplia o envolvimento de potências globais em uma guerra sem fim à vista.
Fontes:
Relatórios do ISW em 03 de dezembro de 2024
Edição especial do ISW sobre a Africa
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