A Queda de Bashar al-Assad: O Fim de Uma Era na Síria
Em 07 de dezembro, após onze dias de intensos combates contra uma ofensiva fulminante de grupos rebeldes, o regime de Bashar al-Assad foi derrubado pelas forças de oposição sírias. Este evento marca o fim de um dos períodos mais controversos da história recente da Síria.
Assad, sem emitir qualquer declaração ao seu povo, fugiu para a Rússia, supostamente deixando instruções para uma transição de poder pacífica, após suas linhas defensivas desmoronarem de forma rápida e misteriosa, com milhares de casos de deserção dos soldados de Assad, muitos fugiram em direção ao Iraque.
Este episódio representa um marco significativo para a região, e as reações globais destacam as complexas implicações políticas e militares dessa mudança.
O Espólio de Guerra dos Rebeldes
Com a queda de Assad, as forças lideradas pelo Hayat Tahrir al-Sham (HTS) consolidaram rapidamente o controle em Damasco. Em oito de dezembro, Abu Mohammad al-Julani, líder do HTS, chegou à capital, prometendo proteger propriedades e restaurar a ordem. Paralelamente, redutos estratégicos como Latakia, Jableh e Tartus foram tomados pelos grupos de oposição.
Apesar da liderança do HTS no novo cenário político, a estrutura governamental da Síria ainda é incerta. Grupos como as Forças Democráticas da Síria (FDS) e o Exército Nacional Sírio (SNA) aproveitaram a oportunidade para expandir seus territórios, o que gerou disputas internas. Enquanto líderes das FDS defendem uma transição democrática, outros atores, incluindo minorias como os drusos, clamam por uma administração unificada.
O HTS também assumiu áreas estratégicas na província de Deir ez-Zor, incluindo a passagem de Albu Kamal-al Qaim, rota fundamental para o transporte iraniano ao Hezbollah. A estrada Damasco-Deir ez-Zor, essencial para conexões logísticas, também está sob controle rebelde. Essa série de avanços reforça a posição do HTS como principal força na nova configuração síria.
A Resposta de Israel
A queda do regime provocou reações rápidas de Israel. As Forças de Defesa de Israel (FDI) estabeleceram uma zona tampão ao longo das Colinas de Golã para evitar que grupos hostis ocupem posições anteriormente controladas pelo Exército Árabe Sírio (SAA).
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ordenou ataques aéreos estratégicos para destruir arsenais militares sírios e impedir a transferência de armas para grupos como o Hezbollah.
A Força Aérea de Israel (IAF) realizou bombardeios em antigos redutos militares sírios, incluindo depósitos de munição e bases como a de Khalkhala e o Aeroporto Militar de Mezzeh. Essas operações buscam enfraquecer a infraestrutura militar iraniana na região, reduzindo a influência de Teerã e suas milícias aliadas.
O Papel da Rússia
O Kremlin agiu rapidamente para proteger seus interesses na Síria. Em oito de dezembro, líderes da oposição síria assinaram um acordo para garantir a segurança das bases russas, mas relatos indicam que a Rússia começou a evacuar parte de seus ativos militares.
Imagens de satélite mostraram fragatas e submarinos russos em patrulha ao largo de Tartus, enquanto a Base Aérea de Hmeimim mantém uma postura defensiva.
Essa postura cautelosa reflete o dilema do Kremlin: preservar sua presença estratégica na região ou evitar conflitos diretos com os novos governantes da Síria. Para Moscou, a perda de influência na Síria representa um golpe geopolítico significativo.
A Reconfiguração do Oriente Médio
A queda de Assad gerou um efeito dominó em atores regionais e internacionais. Os Estados Unidos intensificaram os ataques contra alvos do ISIS para evitar que o grupo se aproveite da instabilidade. Enquanto isso, o Irã enfrenta divisões internas sobre como responder à perda de seu aliado chave, com críticas crescentes à sua política externa.
Além disso, grupos como o Exército Nacional Sírio (SNA), apoiado pela Turquia, expandiram suas operações em Manbij, enquanto milícias tribais nas províncias orientais se alinharam com o HTS, refletindo a complexidade das alianças locais.
Fontes: relatórios do ISW entre os dias 09 e 10 de dezembro de 2024
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