Operação Israelense no Sul do Líbano: Uma Análise das Fragilidades do Hezbollah
A recente operação das Forças de Defesa de Israel (IDF) no sul do Líbano, iniciada em 1º de outubro, revelou as vulnerabilidades da estrutura militar do Hezbollah. Apesar da narrativa amplamente difundida de força e competência do grupo militante, até o momento, ele não conseguiu organizar uma resistência eficaz contra a campanha israelense, que se mostrou meticulosamente planejada e executada. As operações de Israel, que combinam esforços terrestres, aéreos e secretas, têm atingido com sucesso os centros de comando e as linhas de suprimento do Hezbollah, desmantelando temporariamente sua capacidade de ameaçar o norte de Israel.
O Contexto da Operação e as Táticas Empregadas
Israel tem adotado uma estratégia gradual e precisa, atacando alvos sensíveis do Hezbollah com o objetivo de degradar suas capacidades militares. Ao longo da campanha, que já se estende por várias semanas, a IDF tem focado em eliminar líderes e desarticular a infraestrutura logística do grupo. A neutralização de comandantes do Hezbollah, amplamente divulgada nas mídias sociais libanesas, é um indicativo da pressão intensa sobre o grupo. Até o momento, cinco divisões israelenses estão ativamente operando na região, enquanto a campanha aérea segue em curso, mirando líderes e recursos estratégicos do Hezbollah.
O Hezbollah, por sua vez, tem projetado uma imagem de confiança e resiliência perante o público no Oriente Médio. No entanto, as realidades no campo de batalha sugerem uma força militar desorganizada, incapaz de coordenar uma defesa robusta. Embora o grupo continue a lançar ataques com foguetes e morteiros contra o território israelense, esses esforços têm sido insuficientes para conter o avanço das forças israelenses, que, por sua vez, continuam a realizar operações de limpeza em áreas chave.
Análises Estratégicas e Oportunidades Perdidas
Segundo analistas de guerra, o Hezbollah, mesmo com inferioridade tecnológica, poderia ter adotado algumas manobras estratégicas que poderiam ter alterado o curso do conflito. Uma dessas opções seria a realização de operações de atraso, como incursões em território israelense, visando retardar o avanço das IDF e criar condições para um cessar-fogo. Essas operações poderiam ter dado ao Hezbollah tempo para reorganizar suas forças ou fortalecer sua defesa em áreas críticas.
Outra opção seria a defesa mais agressiva de infraestruturas vitais e cidades xiitas ao longo da fronteira com Israel. No entanto, o Hezbollah limitou-se a ataques isolados e mal coordenados com foguetes e morteiros, falhando em impedir o avanço das forças terrestres israelenses. Essa falta de coordenação entre suas unidades de infantaria e artilharia, somada a falhas em sua rede de comando, enfraqueceu ainda mais sua eficácia defensiva.
Além disso, o Hezbollah não conseguiu evacuar equipamentos militares valiosos, como mísseis antitanque Kornet e óculos de visão noturna, que acabaram capturados pelas forças israelenses. A falta de um plano de retirada organizado prejudicou ainda mais a capacidade do grupo de resistir a longo prazo.Tropas Israelenses no Sul do Líbano em outubro de 2024
Possível Reorganização do Hezbollah
Embora o Hezbollah esteja claramente em uma posição desfavorável no momento, essa degradação de suas capacidades é vista por muitos especialistas como temporária. Historicamente, o grupo tem demonstrado uma grande capacidade de resiliência e adaptação, reorganizando suas forças após períodos de pressão intensa. Se a operação israelense não for suficientemente prolongada ou decisiva, há a possibilidade de que o Hezbollah consiga se reestruturar e recuperar parte de sua capacidade militar.
Israel, por sua vez, enfrenta críticas sobre o ritmo de suas operações no sul do Líbano. O comando militar israelense defende que a abordagem deliberada e metódica adotada é necessária para garantir a destruição completa da infraestrutura do Hezbollah, sem precipitar-se em ações que possam deixar brechas para a reorganização do grupo. Inspirada em lições aprendidas em operações anteriores, como na Faixa de Gaza, a IDF visa desmantelar sistematicamente as capacidades do Hezbollah para evitar futuras ameaças à segurança de Israel.
Desdobramentos Recentes e Conclusão
Em 28 de outubro, as Forças de Defesa de Israel continuaram sua ofensiva com bombardeios intensos em áreas estratégicas no sul do Líbano, incluindo as regiões de Halta, Kfarchouba e Shebaa. Essas operações fazem parte de uma série de “ataques direcionados”, destinados a desmantelar os redutos do Hezbollah. A resposta do Hezbollah veio na forma de foguetes e morteiros lançados contra posições israelenses, porém sem causar grandes danos às operações das IDF.
Apesar do impacto inicial da operação israelense, a dinâmica do conflito permanece em aberto. O Hezbollah, embora enfraquecido, ainda mantém capacidades de ataque, especialmente com o uso de fogo indireto. A situação pode mudar se Israel não mantiver a pressão sobre o grupo, permitindo que o Hezbollah recupere sua força e reorganize suas operações. O equilíbrio de poder no sul do Líbano continua frágil, com ambos os lados buscando vantagem em um cenário altamente volátil.
A operação em curso reflete o complexo equilíbrio entre ação militar e estratégia política na região, com implicações tanto para Israel quanto para o Hezbollah, além de seus aliados e adversários no Oriente Médio.
Fonte: Artigo ISW em 27 e 28 de outubro de 2024
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