O Avanço Rebelde no Teatro de Guerra Sírio
O Novo Fôlego dos Rebeldes Sírios
O teatro de guerra sírio está ganhando novos e dramáticos episódios. Ao que tudo indica, os rebeldes sírios tomaram um novo fôlego e avançaram quase sem resistência contra mais um nó estratégico das forças de Assad. Dessa vez, a cidade de Hama, a quarta maior da Síria, caiu nas mãos dos insurgentes. Em dez anos de guerra, os rebeldes jamais sonharam chegar a Hama, mas conseguiram fazê-lo em poucos dias de ofensiva.
O objetivo agora é fechar o cerco na região e conquistar a cidade de Homs, potencialmente isolando as forças russas nas bases navais da costa síria da capital, Damasco.
A Fulminante Ofensiva Rebelde
Grupos de oposição alinhados ao Hayat Tahrir al-Sham (HTS) lançaram uma campanha decisiva para capturar Homs após a vitória em Hama, em cinco de dezembro. Encontrando pouca resistência, as forças do HTS tomaram a cidade de Hama e seu aeroporto militar, consolidando rapidamente o controle da área. Imagens divulgadas mostram combatentes prontos para avançar ao longo da rodovia em direção a Homs.
Relatos não confirmados indicam que moradores de Talbiseh, a apenas oito quilômetros de Homs, começaram um movimento local para libertar a cidade antes mesmo da chegada das forças opositoras.
A Estratégia da Negociação
Os grupos de oposição sírios têm utilizado acordos negociados para conquistar território sem enfrentamentos diretos. Cidades de maioria cristã ao norte de Hama e Salamiyah, a sudeste, renderam-se às forças rebeldes, evitando combates em grande escala. O regime sírio retirou suas tropas de Salamiyah em cinco de dezembro, abrindo caminho para o avanço do HTS em direção a Homs sem grande resistência.
Os Obstáculos das Forças Regulares
Embora as Forças Aeroespaciais Russas tenham realizado ataques aéreos contra os rebeldes, estas ações não foram suficientes para deter o avanço opositor. O líder do HTS, Abu Muhammad al-Jolani, já anunciou oficialmente que suas forças entraram em Hama.
O Exército Árabe Sírio, por sua vez, afirmou ter retirado suas tropas para proteger civis, declarando que os combates continuarão fora das áreas urbanas.
O Colapso do Regime na Região
A rápida deterioração das defesas do regime de Assad entre Hama e Homs foi evidente. Após perder o controle da margem esquerda do rio Orontes, forças pró-regime tentaram bombardear a ponte Rastan, mas sem sucesso significativo. Além disso, o regime falhou em criar defesas robustas após a perda de Aleppo, em trinta de novembro, deixando pontes intactas e permitindo o avanço rebelde.
Essa falta de planejamento estratégico possibilitou aos insurgentes um progresso sem grandes dificuldades na província de Hama.
Consolidação do Controle pelo HTS
Aproveitando o momento histórico, o HTS está estabelecendo novas instituições políticas e de segurança nas áreas conquistadas, especialmente em Aleppo. O grupo tomou medidas para garantir estabilidade, como:
- Ordenar que desertores do regime sírio se apresentem para reintegração civil;
- Restringir a atuação de seus combatentes para evitar conflitos com civis;
- Mobilizar forças policiais para reforçar a ordem e fortalecer o controle administrativo.
Além disso, o HTS formalizou sua governança ao integrar líderes religiosos e políticos locais, nomeando ministros e estabelecendo o Governo de Salvação da Síria como autoridade de fato.
A Diplomacia do HTS
O HTS também recorreu à diplomacia para evitar interferências externas. Seu líder, Abu Mohammad al-Jolani, apelou ao primeiro-ministro iraquiano, Mohammad Shia al-Sudani, para conter as milícias iraquianas apoiadas pelo Irã. Apesar disso, dezenas de combatentes das Forças de Mobilização Popular (PMF) já entraram na Síria, apoiando o regime de Assad, desafiando a limitada influência de Sudani.
Ações Externas
No mesmo cinco de dezembro, as Forças de Defesa de Israel (IDF) realizaram um ataque aéreo contra um depósito de armas ao sudeste de Aleppo. A área, antes controlada pelo Exército Árabe Sírio, foi recentemente tomada pelas forças opositoras.
Considerações Finais
A nova fase da guerra síria revela a fragilidade do regime de Assad diante do avanço coordenado dos grupos rebeldes e das estratégias diplomáticas do HTS. O desdobramento deste conflito poderá alterar profundamente o equilíbrio de poder na região, com implicações que vão além das fronteiras sírias.
Fontes: Relatórios do ISW em 05 de dezembro de 2024
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