O Início da Segunda Guerra Mundial: A Invasão da Polônia em 01 de setembro de 1939

Em primeiro de setembro de mil novecentos e trinta e nove, o mundo testemunhou o início de um dos períodos mais sombrios e devastadores de sua história. Sob o comando de Adolf Hitler, a Alemanha lançou um ataque coordenado contra a Polônia, iniciando a Segunda Guerra Mundial e mergulhando o planeta em um conflito que traria consequências inimagináveis para milhões de pessoas. Neste arquivo de guerra, dedicamos nossos esforços para resgatar e preservar essa amarga memória militar. Apresentamos imagens raras daquele primeiro dia fatídico, revelando os momentos iniciais da ofensiva que mudaria o curso do século XX e marcaria profundamente a história da humanidade.

O Pacto Molotov-Ribbentrop, assinado em vinte e três de agosto de mil novecentos e trinta e nove entre a Alemanha e a União Soviética, foi um tratado de não-agressão que surpreendeu o mundo ao unir temporariamente duas potências ideologicamente opostas. O acordo público comprometia as duas nações a não se atacarem, permitindo que Hitler planejasse sua invasão da Polônia sem temer uma ofensiva soviética. Entretanto, o pacto incluía um protocolo secreto que dividia a Europa Oriental em esferas de influência, prevendo a partição da Polônia e o domínio soviético sobre os países bálticos, partes da Finlândia e da Romênia.

Com o flanco oriental assegurado pelo pacto com os soviéticos, Hitler ordenou que seus generais finalizassem o plano “Caso Branco”, a invasão da Polônia. O objetivo ia além da conquista territorial: tratava-se de expandir o “espaço vital” alemão no leste e garantir o suprimento de recursos para o Reich. Hitler afirmou que a Polônia não deveria ser poupada e que haveria combates.

O planejamento militar foi conduzido pelos generais Franz Halder e Walter von Brauchitsch, sob ordens diretas de Hitler. Para justificar a invasão, Hitler precisava criar uma narrativa de provocação polonesa. Sob a liderança de Reinhard Heydrich e Heinrich Müller, a SS executou a Operação Himmler, uma série de operações de “bandeira falsa” para parecerem agressões polonesas. O incidente mais notável foi o ataque encenado à estação de rádio de Gleiwitz, em trinta e um de agosto de mil novecentos e trinta e nove. O fazendeiro alemão Franciszek Honiok, simpatizante da Polônia, foi preso, neutralizado e usado como “prova” de um ataque polonês. Na manhã de primeiro de setembro de mil novecentos e trinta e nove, Hitler utilizou esse incidente falso para justificar publicamente o ataque, que começou com o bombardeio de Westerplatte, selando o destino da Polônia.

Sem uma declaração formal de guerra, as forças alemãs invadiram a Polônia a partir de três direções. O Grupo de Exércitos Sul, sob o comando do coronel-general Gerd von Rundstedt, lançou o principal ataque, com o Oitavo Exército avançando em direção a Lodz, o Décimo Quarto Exército para Cracóvia, e o general Walter von Reichenau marchando rumo a Varsóvia. Simultaneamente, o Grupo de Exércitos Norte, comandado pelo coronel-general Fedor von Bock, atacou da Prússia Oriental com o Terceiro Exército, enquanto o Quarto Exército investiu contra o Corredor Polonês. Um ataque menor no sul envolveu unidades eslovacas, e os alemães contavam com o apoio dos Volksdeutsche, alemães étnicos que viviam na Polônia.

O primeiro ataque aéreo da guerra ocorreu na cidade de Wieluń, que foi bombardeada pela Luftwaffe, a força aérea alemã. O ataque começou por volta das quatro horas e quarenta minutos da manhã, poucos minutos antes do famoso ataque naval em Westerplatte. Estima-se que cerca de mil e duzentas pessoas perderam a vida no ataque a Wieluń.

Pouco depois, às quatro horas e quarenta e três minutos da manhã, o encouraçado alemão Schleswig-Holstein abriu fogo contra o depósito militar polonês em Westerplatte, na Cidade Livre de Danzig (atual Gdańsk). Esse ataque é muitas vezes lembrado como o “primeiro tiro” da Segunda Guerra Mundial, dado seu simbolismo militar. Westerplatte foi um importante ponto de defesa polonês e resistiu bravamente ao ataque alemão por cerca de sete dias, apesar de estar em desvantagem numérica e material.

O envelhecido encouraçado Schleswig-Holstein chegou ao porto da Cidade Livre de Danzig em vinte e cinco de agosto de mil novecentos e trinta e nove, sob o pretexto de celebrar o aniversário da vitória alemã na Batalha de Tannenberg, ocorrida na Primeira Guerra Mundial. No entanto, a bordo havia um contingente secreto de mais de duzentos fuzileiros navais, ocultos sob o convés, prontos para iniciar a missão de combate.

A luta foi desigual desde o início. A Alemanha mobilizou um milhão e meio de soldados, dois mil setecentos e cinquenta tanques, dois mil trezentas e quinze aeronaves e nove mil canhões. Embora a Polônia tivesse teoricamente um exército de um milhão de homens, muitos não conseguiram se mobilizar a tempo, e o exército possuía equipamentos obsoletos, com cerca de quatro mil e trezentos canhões, duzentos e dez tanques e oitocentas aeronaves. A estratégia polonesa era resistir no oeste e esperar que os aliados, França e Reino Unido, atacassem a Alemanha pelo oeste, mas essa ajuda nunca chegou.

Além da superioridade numérica, os alemães empregaram uma nova estratégia devastadora, a Blitzkrieg (guerra-relâmpago), desenvolvida por Heinz Guderian. Tanques e aeronaves da Luftwaffe avançavam rapidamente, rompendo as linhas inimigas, enquanto as forças não mecanizadas seguiam. Essa combinação de rapidez e força foi devastadora para os poloneses.

Os poloneses, no entanto, resistiram com bravura, obtendo sucessos notáveis. Na Batalha de Mokra, a Brigada de Cavalaria Wołyńska destruiu mais de cinquenta tanques alemães e causou oitocentas baixas, em uma das raras vitórias polonesas. A Batalha de Bzura resultou em um avanço polonês de vinte quilômetros contra o flanco alemão, mas, em dezenove de setembro, os poloneses foram cercados e perderam vinte mil soldados. Winston Churchill elogiou a luta corajosa, chamando-a de “sempre gloriosa”.

Outro aspecto marcante da campanha alemã foi o uso de bombardeios em massa. Nos primeiros dias, cento e cinquenta cidades e vilas foram atacadas, com Wieluń sendo devastada no primeiro de setembro e Varsóvia sofrendo ataques contínuos. Durante a defesa aérea de Varsóvia, entre primeiro e seis de setembro, os poloneses conseguiram derrubar mais de oitenta bombardeiros alemães. Em resposta, os alemães realizaram dezessete bombardeios consecutivos no dia dez de setembro, enquanto tanques inimigos se aproximavam. Cerca de cento e cinquenta mil civis participaram do esforço de resistência cavando valas antitanque e erguendo barricadas, na tentativa de conter o avanço alemão.

O impacto da invasão da Polônia foi imediato e global. Em resposta ao ataque alemão, o Reino Unido e a França, cumprindo suas obrigações do pacto de aliança com a Polônia, declararam guerra à Alemanha em três de setembro de mil novecentos e trinta e nove, marcando o início oficial da Segunda Guerra Mundial. Contudo, apesar da declaração de guerra, os Aliados ocidentais não lançaram uma ofensiva significativa contra a Alemanha naquele momento, o que ficou conhecido como a “Guerra de Mentira” (Sitzkrieg).

Essa hesitação permitiu que a Alemanha consolidasse suas conquistas no leste europeu e reforçasse suas forças para os combates futuros no Ocidente. A invasão da Polônia e as respostas que se seguiram foram um ponto de virada que mergulhou o mundo em um conflito global sem precedentes.

Pouco depois, em dezessete de setembro, a União Soviética invadiu o leste polonês, completando a divisão do país.