Dia da Unidade Nacional da Rússia 04 de novembro de 1612: A Revolta que Definiu o Destino do País
O Dia da Unidade Nacional, celebrado em 4 de novembro, marca um dos momentos mais desafiadores e determinantes da história russa. Em 1612, em meio ao turbulento Período dos Tumultos (1598-1613), a Rússia se encontrava politicamente fragmentada e economicamente devastada. A morte de Fiódor I, último czar da dinastia Rurik, gerou um vácuo de poder que culminou em crises sucessivas.
Sem uma liderança legítima, o país foi tomado por conflitos internos e uma série de pretendentes ao trono conhecidos como “impostores”
Esse contexto de instabilidade atraiu o interesse da Comunidade Polaco-Lituana, que viu uma oportunidade para expandir sua influência sobre o território russo. A invasão polonesa, apoiada pela força militar de Sigismundo III, provocou uma ocupação estrangeira que ameaçava não apenas o governo, mas a própria soberania do Estado russo.
A Ameaça dos Impostores e a Ocupação Polonesa
Durante o Período dos Tumultos, diversos impostores, assumindo a identidade do falecido Tsarevich Dmitry, filho do czar Ivan IV, reivindicaram o trono com o apoio de facções interessadas em controlar Moscou. O mais notório deles, Falso Dmítri I, contou com o apoio direto de Sigismundo III, rei da Polônia e grão-duque da Lituânia. Dmítri I ascendeu ao trono em 1605, mas sua postura pró-polonesa e tentativa de converter a Rússia ao catolicismo geraram uma resistência feroz. Ele foi deposto rapidamente, mas a ameaça polonesa persistiu, e outros impostores, incluindo o Falso Dmítri II, surgiram, intensificando o conflito
Em 1609, a situação se agravou quando as forças polonesas sitiaram Smolensk e tomaram Moscou, ocupando o Kremlin. Sem alternativas, a nobreza russa foi forçada a jurar lealdade ao filho de Sigismundo III, Wladislaw, como czar. Esse período de ocupação polonesa deixou o país à beira do colapso, sem um czar ou uma liderança unificada.
A Resistência Popular: Minin e Pozharsky Lideram a Libertação
A virada veio com um movimento de resistência que teve início em Nizhny Novgorod. O comerciante Kuzma Minin e o príncipe Dmitry Pozharsky lideraram a mobilização popular, convocando cidadãos de diversas origens — camponeses, cossacos, nobres e soldados — para formar uma força patriótica destinada a libertar Moscou. Minin, encarregado de organizar a arrecadação de fundos e recrutar combatentes, desempenhou um papel vital na coesão do movimento. Em agosto de 1612, essa força popular, que se tornou um exército de mais de 10 mil soldados, marchou em direção à capital
Após combates intensos, a resistência conseguiu retomar o Kremlin em novembro, derrotando as forças polonesas e restaurando a independência russa. Essa vitória foi um marco de união nacional em que diferentes etnias, classes sociais e credos se uniram para proteger o país de uma ameaça existencial.
O Legado do Dia da Unidade Nacional na Rússia Moderna
Com a expulsão dos invasores e o estabelecimento da dinastia Romanov em 1613, a Rússia retomou sua estabilidade. Tsar Mikhail Romanov instituiu o “Dia da Libertação de Moscou dos Invasores Poloneses”, que se tornou uma celebração anual da coragem e unidade nacional até 1917, quando a Revolução Russa aboliu a data e introduziu o Dia da Revolução em seu lugar. O feriado foi restaurado em 2005, quando o presidente Vladimir Putin reinstaurou a comemoração como o “Dia da Unidade Nacional” para reforçar o patriotismo e a diversidade cultural, valores centrais da Rússia contemporânea
Hoje, o Dia da Unidade Nacional é marcado por desfiles, discursos patrióticos e celebrações públicas em toda a Rússia. É um lembrete de que, mesmo nos momentos mais críticos, a união pode superar divisões e garantir a soberania. A estátua de Minin e Pozharsky na Praça Vermelha, em Moscou, permanece como símbolo perene dessa unidade — uma recordação de que a independência e a paz conquistadas em 1612 continuam a inspirar gerações.
Fontes:
Share this content:
Publicar comentário